Falando num painel sobre o acesso ao financiamento para as Pequenas e Médias Empresas à luz das Obrigações Verdes
, alusiva à realização da Conferência sobre ESG e financiamentos verdes, Salim Crípton Valá, PCA da Bolsa de Valores de Moçambique, frisou que a agenda ESG está ligada aos valores da BVM, pois a mesma pauta pela transparência, integridade e inclusão, factores que a obriga a considerar todos os aspectos sociais, ambientais e de governação como parte da sua cultura organizacional.
O evento, decorreu na quinta-feira, 21 de Março de 2024, em Maputo, e juntou na mesma sala representantes do Governo, Sector Privado, Instituições Públicas, Bancos, Agências de Desenvolvimento e demais actores sociais visando trazer soluções para os desafios enfrentados pelas PME’s e promover a melhoria do ambiente de negócios em Moçambique.
Na sua intervenção, Salim Valá alertou que a agenda ESG é um assunto real que deve ser tomado em conta pelas organizações, e mostrou como as empresas cotadas na bolsa estão a trabalhar para integrar os princípios estabelecidos pela agenda ESG nas suas cadeias de produção, na geração de renda para as comunidades e no seu interesse permanente em cuidar das pessoas.
“Temos uma série de instrumentos que estamos a desenvolver no sentido de aprofundar e consolidar o trabalho que está a ser feito no campo das ESG. As empresas que implementam a agenda ESG têm melhor capacidade de abraçar as oportunidades oferecidas pelo mercado e serem mais lucrativas”, explicou o PCA da BVM.
Valá acrescentou que a adopção da agenda ESG é uma questão prática que tem a ver com a actividade da bolsa e com o seu interesse em abraçar uma economia circular.
A implementação da agenda ESG deve contribuir para a redução de risco, garantir oportunidades de crescimento das empresas e a resiliência face às mudanças climáticas, permitir maior produtividade laboral e garantir uma boa reputação e confiança de todos os stackholders, defendeu o dirigente da BVM.
Valá disse ainda, na ocasião, que há uma necessidade de usar as universidades e os órgãos de comunicação social como instrumentos de partilha de conhecimento para garantir a inclusão de todos e desencadear acções concretas que contribuam para a construção de um mundo mais verde e sustentável.
“Se as universidades tiverem projectos em domínios que geram receitas, laboratório para experimentação e de incubação, e os mesmos serem capazes de suporta-se a si próprios e serem auto-sustentáveis, esses projectos podem ser financiados por via das obrigações universitárias”, referiu.
Por sua vez a Representante do Ministério dos Recursos Minerais e Energia, Marcelina Mataveia, fez saber que o governo tem estado a criar um quadro legal atractivo para investimentos em projetos de infraestruturas energéticas, com destaque para as energias renováveis.
Mataveia destacou que nos últimos anos, Moçambique e o mundo têm testemunhado os impactos devastadores das mudanças climáticas e, por via disso, apelou à responsabilidade colectiva e individual de toda a sociedade, com vista a mitigar estes efeitos.
Na conferência, os painelistas chamaram atenção para que as empresas comecem a pensar em acções que garantam que elas operem dentro dos padrões de sustentabilidade, preocupando-se com questões ambientais, socias e de boa governação e, com isso, conseguir atrair investidores.
Para tal, a adopção de práticas sustentáveis são um diferenciador estratégico que vale a pena ter em conta para elevar a reputação das empresas e, desta feita, contribuir para a mobilização de financiamento e optimização de recursos.